Programa San Pedro de AlcantaraUma investigação arqueológica subsidiada pelo Instituto Português de Arqueologia. (translate with Systran or Altavista) Após sete campanhas de escavações terrestres e duas campanhas submarinas (Julho-Setembro 1988 e Setembro-Outubro 1996), as investigações arqueológicas em torno do navio vindo do Perú e naufragado na costa norte de Peniche em 1786 prosseguem, debaixo do mar. Arqueologia em terra :Os restos de 29 dos náufragos do navio inumados em Peniche em Fevereiro de 1786 foram localizados na costa norte de Peniche,no local chamado Porto da Areia do Norte. As descobertas sucessivas foram efectuadas no decurso de oito anos de prospecções geofísicas e escavações em terra . A última campanha terrestre, que decorreu de 1 a 31 de Agosto de 1996, levou a equipa da arqueóloga Maria Luísa Blot á descoberta de mais dois indivíduos relacionados com o naufrágio, neste caso duas crianças enterradas a pouca profundidade. Um terceiro indivíduo, uma mulher idosa, que tinha sido localizado no decurso da campanha anterior (1995) foi igualmente escavado, apresentado, assim como uma das crianças, sinais de um enterramento cuidadoso, ao contrário de indivíduos localizados em campanhas anteriores. Em algumas dessas campanhas anteriores, alguns corpos foram encontrados em condições fora do comum, com uma espessa capa de cal que moldou as partes "moles" dos corpos entretanto desaparecidos. Um desses moldes permitiu a realização de um positivo nos laboratórios de conservação e restauro de Conimbriga. Essa moldagem de um corpo de náufrago realizada em silicone com reconstituição das cores originais foi exposta em 1995 no Museu Municipal de Peniche em 1995 no quadro da exposição O Navio do Ultimo Inca. Sabemos que cerca de 80 vítimas do naufrágio do "San Pedro de Alcantara" foram enterradas em Peniche de Cima, na vizinhança dos 29 corpos já encontrados . O trabalho de escavação em terra encontra-se em fase final, a espera, doravante, dos especialistas de antropologia física, nomeadamente para a parte possivelmente associada a náufragos de origem indiana sul-americana. Entre os projectos a definir após conclusão das investigações em terra está em estudo uma dignificação da área das escavações, antigo terreno de acampamentos de ciganos, com a criação de um pequeno monumento simbólico, cujo desenho já foi estudado em 1993 por um grupo de jovens penichenses sob a orientação do escultor João Duarte, a convite da Conservadora do Museu de Peniche. O Comandante Jorge Ortiz, historiador naval peruano e orientador da Associação Thalassa de História Maritima de Lima já manifestou formalmente o desejo daquela instituição peruana em colaborar na instalação em Peniche de uma estela comemorativa da passagem dramática de personagens relacionadas com um dos episódios mais desconhecidos da história da emancipação nacional sul-americana. Entre os contactos mais recentes realizados em torno dos trabalhos, uma deslocação da arqueóloga responsável, Maria Luísa Blot, a convite da universidade Católica de Lima, em Setembro do ano passado, para apresentar junto do meio académico peruano, os resultados da investigação arqueológica decorrente em Peniche, permitiu planear com uma antropóloga daquela Universidade, a vinda desta especialista a Portugal para estudar os restos humanos relacionados com indivíduos de origem sul-americana presentes a bordo do navio espanhol afundado em Peniche em 1786. Arqueologia debaixo do mar :Após um período de oito anos dedicado á sintese dos resultados , divulgação dos mesmos e ao desenvolvimento de aspectos mais teóricos, as investigações arqueológicas prosseguem debaixo do mar. Conforme os resultados da campanha de 1988 apresentados no relatório de Janeiro de 1989 pelo responsável científico ,o arqueólogo Jean-Yves Blot, o objectivo da segunda fase consiste em estudar em três dimensões, com a máxima precisão possível, o relevo submarino associado á desintegração do casco do "San Pedro de Alcantara"e á dispersão da sua carga. A campanha de 1988 permitiu localizar com precisão alguns pontos periféricos da zona arqueológica, nomeadamente o ponto em que a proa do navio bateu pela primeira vez no fundo rochoso. Esta zona, considerada virgem desde o naufrágio, permitiu localizar os primeiros elementos das colecções científicas dos botanistas Ruiz e Pavon embarcadas no Perú em 1784. Entre essas peças encontram-se fragmentos de cerâmica pré-hispânica da cultura Chimu, Perú. Amostras de mercúrio encontradas na mesma zona podem ter pertencido ás mesmas colecções. Num caso, uma amostra de mercúrio de várias centenas de gramas ficou presa no fundo de uma concavidade da rocha-mãe e agiu como um espelho para os mergulhadores que a observaram no momento da sua descoberta, no decurso da campanha submarina de 1988. A investigação indica que esse mercúrio teria como origem provável uma mina sul-americana, ao contrário dos circuitos de difusão do mercúrio geralmente conhecidos (proveniência de Almaden, Espanha, primeira mina mundial e principal fonte de abastecimento das explorações mineiras hispânicas de toda a época colonial). A fase actual dos trabalhos arqueológicos submarinos consiste em medir em três dimensões o relevo do fundo e analisar com muito pormenor o processo que levou á dispersão de uma carga de quase um milhar de toneladas num espaço abrangendo hoje mais de dois hectares, no meio de destroços modernos, naquilo que constitui um autêntico cemitério de navios, na costa norte de Peniche. Em paralelo com os trabalhos arqueológicos tem sido desenvolvido desde há alguns anos um trabalho de estudo numérico em torno de um navio de 64 canhões do tipo do "San Pedro de Alcantara". Foi realizado, para o programa San Pedro de Alcantara, um modelo tridimensional de um navio deste tipo, pelo programador de CAD Stan Goldman e a sua equipa (BoatCadCam, Inglaterra). O trabalho foi prosseguido pelo departamento de engenharia naval do Instituto Superior Técnico de Lisboa e aguarda futuros desenvolvimentos no âmbito de uma análise global do sítio arqueológico. A campanha submarina ‚ subsidiada pelo IPPAR , conta com os apoios da Câmara Municipal de Peniche, do CENFIM (Peniche) e do Clube Naval de Peniche. Estão em preparação,com a participação da Escola Secundária de Peniche, um programa de introdução ao tratamento computorizado de dados geográficos. Textos e conferencias mais recentesExiste uma abundante informação sobre a investigação em curso, a começar por uma monografia de 94 paginas publicada na Academia de Marinha, da autoria de Jean-Yves Blot e Maria Luísa Pinheiro Blot : "O interface história-arqueologia. O caso do San Pedro de Alcantara". Lisboa. Acª de Marinha. 1992. A Grande Reportagem publicou em agosto de 1997 um longo artigo intitulado "X24" detalhando o tema da presença em Peniche de prisioneiros políticos peruanos de origem andina ligadas a grande rebelião colonial liderada por José Gabriel Tupac Amaru. Um artigo mais técnico detalhando alguns dos aspectos da investigação em curso no sitio submarino foi publicado em 1998 pelo "Archaeological Computing Newsletter", uma publicação do Instituto de Arqueologia da Universidade de Oxford (J-Y Blot: "First steps in the analysis of ship overload", Arc.Comput.Newsletter, Oxford, nº51, 1998, páginas 1-7). Uma síntese dos resultados do estudo submarino foi apresentada na Austrália em setembro de 1997 no decurso do congresso internacional dedicado a Arqueologia das Longas Viagens (The maritime Archaeology of Long Distance Voyages, Fremantle), congresso organizado pelo Instituto Australiano de Arqueologia Subaquática. Um artigo retomando os pontos da conferencia foi publicado em 1998 pelo Bulletin of the Australian Institute of Maritime Archaeology (Jean-Yves Blot : "From Peru to Europe (1784-1786) : Field and model analysis of a ship overload". Bull. AIMA, 22, 1998, páginas 21-34). Contacto do Instituto (AIMA) na Web. A convite da Association du personnel do CERN, instituto de investigação internacional sediado em Genebra, o programa San Pedro de Alcantara foi apresentado no anfiteatro do CERN numa conferencia de J-Y Blot intitulado : "Chronique de l'autopsie d'un spectre". 1999Textos San Pedro de Alcantara
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Conception: Francisco Oliveira , Ocidente - Centro de Estudos de
História e Etnografia Marítimas. Rev
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